Projeto desenvolvido pela USP de São
Carlos ganha prêmio internacional
em óptica difrativa e micro-óptica
No último dia 20 de junho uma equipe
de pesquisadores da USP de São
Carlos venceu o "2000 Diffractive Beauty
Contest" organizado pela
"Optical Society of America - OSA" durante
o "Diffractive Optics and
Micro-Optics Topical Meeting"
(http://www.osa.org/mtg_conf/2000/DOMO/gen/DBeauty.htm),
que este ano
realizou-se entre os dias 18 e 22 de julho
na cidade de Quebec, Canada.
A equipe coordenada pelo Prof. Dr. Luiz
Gonçalves Neto do Departamento
de Engenharia Elétrica da USP de
São Carlos ganhou o primeiro prêmio da
"Divisão Artística" deste
prestigioso concurso internacional
apresentando o trabalho "Complex-amplitude
modulation diffractive
optical element" (Elemento óptico
difrativo com modulação de amplitude
complexa), que além de apresentar
propostas inovadoras no cálculo e
fabricação de micro-elementos
ópticos difrativos, também apresentou uma
das melhores imagens até hoje geradas
por um destes elementos, requisito
principal para a participação
no concurso. O "Diffractive Beauty
Contest" é organizado a cada dois
anos pela "Optical Society of america"
com o intuito de promover o desenvolvimento
tecnológico da óptica
difrativa, desafiando a comunidade óptica
a apresentar projetos técnicos
e ao mesmo tempo artísticos.
Segundo o Prof. Gonçalves, a óptica
difrativa é uma nova tecnologia que
elimina quase todas as etapas dos métodos
tradicionais (abrasão e
polimento) para a fabricação
de elementos ópticos. Com as técnicas
convencionais, os elementos ópticos
obtidos são lentes, que operam pelos
princípios da refração,
e são fabricados pela realização de superfícies
esféricas ou cônicas contínuas
sobre um material óptico. Na óptica
difrativa, os elementos são obtidos
por intermédio de micro relevos
gravados na superfície de um material
óptico transparente ou reflexivo.
Por operarem segundo o princípio
da difração, estes elementos ópticos
são denominados de Elementos Ópticos
Difrativos (EODs). Microlentes,
Redes de Difração, Hologramas
de Fourier e Fresnel são EODs que podem
ser obtidos com esta tecnologia. Estes
elementos são fabricados
utilizando-se as técnicas inicialmente
desenvolvidas para a fabricação
de circuitos eletrônicos integrados:
litografia óptica, corrosão por
plasma e litografia por feixe de elétrons.
Estas técnicas permitem a
realização de geometrias
arbitrárias diretamente na superfície do
material óptico, em dimensões
extremamente reduzidas. Esta tecnologia
pode ser aplicada na fabricação
de micro lentes de Fresnel para sistemas
de visão artificial; implementação
de demultiplexadores ópticos e redes
de Bragg em fibras ópticas para
aplicações em telecomunicações; filtros
holográficos para aplicações
em reconhecimento de objetos e alvos;
conexões ópticas em microcircuitos;
acoplamentos entre uma fibra óptica
e uma matriz de fotodetectores; discos
holográficos para a armazenagem
paralela de informações;
padrões ópticos para aplicações industriais;
hologramas para a autenticação
de notas e cartões de crédito.
Gonçalves afirma que neste trabalho
coordenado pela USP de São Carlos, a
principal contribuição foi
a realização de um elemento óptico difrativo,
no caso um holograma de Fresnel, que realizasse
de maneira controlada
não apenas a modulação
da fase de uma frente de onda de luz, mas também
a modulação da amplitude
da luz (atenuar a propagação da luz) sem sua
absorção, que poderia danificar
ou destruir completamente o elemento
para aplicações com lasers
de alta potência. "Desenvolvemos um elemento
óptico difrativo completo", avalia.
"Além das aplicações descritas
anteriormentes, este elemente tem um uso
potencial em todas as áreas da
óptica. Já encontramos uma
aplicação imediata do elemento para o aumento
da resolução de telescópios
ópticos", afirma o professor. Os resultados
dos nossos trabalhos serão publicados
na revista "Optics & Photonics
News" publicada pela "Optical Society
of America".
"Este prêmio traz um grande prestígio
para a Universidade de São Paulo
pois a coloca mundialmente em destaque
entre os poucos centros
universitários capazes de projetar
e fabricar novos elementos ópticos
difrativos". Estes elementos estão
sendo fabricados em colaboração com o
Laboratório de Sistemas Integráveis
da EPUSP onde Gonçalves também
coordena um projeto para a fabricação
de Micro-elementos ópticos. "Temos
fabricados vários elementos a um
custo relativamente baixo. Na
indústria, o custo para a fabricação
e o projeto de um único elemento
pode facilmente atingir valores superiores
a US$ 30.000,00. Um
laboratório de pesquisa equipado
para a caracterização dos materiais
envolvidos, a fabricação
e o teste deste elementos facilmente atinge a
cifra dos US$ 1.000.000,00", avalia.
O projeto contou com a colaboração
da aluna de doutorado Patrícia S. P.
Cardona do IF-USP; do aluno de doutorado
Giuseppe A. Cirino, dos
professores Ronaldo Domingues Manzzano
e Patrick Verdonck, todos do
LSI-EPUSP; do engenheiro Aristides Pavani
Filho e do professor Curt Egon
Hennies, ambos do CTI - Campinas. Este
projeto está sendo realizado com
recursos de projeto "Jovem Pesquisador"
para a Implementação de
Microelementos Ópticos Difrativos
financiado pela FAPESP, com o apoio de
uma bolsa de produtividade em pesquisa
concedida pelo CNPq, e recursos
do Projeto USP São Carlos - Motorola
S. A..
Mais informações: ( (0XX16)
273-9350, com o professor Luiz Gonçalves
Neto;
E-mail: lgneto@sel.eesc.sc.usp.br